Dólar abre o mês em queda, em meio a novos temores de guerra comercial
O dólar começou o mês de junho em queda global, com a volta dos temores de acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, e teve esse recuo refletido também no mercado nacional. A moeda norte-americana fechou nesta segunda-feira (2) em baixa de 0,77%, a R$ 5,6757, depois de bater na mínima de R$ 5,6671 pela manhã.
No ano, a moeda americana acumula desvalorização de 8,16% em relação ao real, que tem o melhor desempenho entre as divisas latino-americanas no período. Nesta segunda, porém, a divisa brasileira teve desempenho inferior ao de seus principais pares, como os pesos chileno e mexicano.
Para analistas, esse recuo mais moderado pode ser atribuído ao aumento da percepção de risco fiscal, seja pela incerteza envolvendo o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), seja pela mudança da perspectiva do rating brasileiro pela Moody’s de positiva para estável.
“Na metade da semana ada, vimos que a saída de fluxos dos EUA tinha dado uma acomodada. Mas, com o estresse na relação entre China e Estados Unidos, esse voltou a ser o grande tema. Temos juro alto e um bom carry para atrair o fluxo que sai dos EUA. O que pesa sobre o real é essa questão do IOF. O mercado está receoso com o que pode vir como alternativa”, aponta Rodrigo Cabraitz, trader de câmbio da Principal Asset Management no Brasil.
Na semana ada, o Congresso ameaçou derrubar o decreto do aumento do IOF, anunciado no dia 22 de maio e alvo de críticas do setor produtivo e da classe política. Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não precisa de dez dias para propor alternativas ao IOF, prazo dado ao ministro na semana ada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Segundo Haddad, é preciso uma decisão política para calibrar o decreto do IOF e elaborar soluções estruturais para sanear as contas públicas no longo prazo. “Nós precisamos tomar uma decisão política do que será feito. E diante do que eu ouvi, eu acredito que essa semana a gente possa resolver e melhorar tanto a regulação do IOF, combinado com as questões estruturais”, afirmou o ministro.
Dólar volta a afundar com novas tarifas anunciadas por Trump
O índice DXY — termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes — recuava cerca de 0,60% no fim da tarde, com destaque para os ganhos do euro e iene. Entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities, destaque para o dólar australiano e o neozelandês. Os preços do petróleo subiram mais de 3%.
Em comunicado divulgado pela manhã, o Ministério do Comércio da China rebateu a alegação de que teria violado o acordo comercial firmado com os EUA, no mês ado, e prometeu tomar medidas para defender seus interesses comerciais. Na semana ada, o presidente Donald Trump acusou a China de descumprir o acordo que reduziu por 90 dias as tarifas de importação entre os dois países.
Além disso, Trump anunciou aumento de 25% para 50% a taxação sobre importações de aço e alumínio, que entram em vigor na quarta-feira (4). “O dólar está sentindo o impacto dessa ruptura entre os EUA e a China”, escreve Peter Cardillo, da Spartan.
Com Estadão Conteúdo
