Dólar emenda segunda queda consecutiva, de olho em IOF e na contramão da tendência global
O dólar voltou a cair no mercado nacional nesta terça-feira (3), na contramão da tendência global, em dia de otimismo dos mercados quanto à possibilidade de medidas mais definitivas de ajuste fiscal, na esteira da crise provocada pela tentativa do governo de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Em paralelo a sucessivas máximas do Ibovespa, o dólar à vista operou pontualmente abaixo de R$ 5,63, com mínima a R$ 5,6252, e encerrou o dia em queda de 0,70%, a R$ 5,6358.
O descolamento do real da tendência externa começou ainda pela manhã, à medida que investidores reagiam positivamente à fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a jornalistas. Lula afirmou que se reuniria em almoço com Haddad e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para colocar as “contas fiscais em ordem”.
“O real operou na contramão das outras moedas em função do discurso de Lula. Quando foi perguntado se seria contra desvinculação de despesas, ele não descartou nada. Isso, por si só, já foi positivo. Se vierem medidas estruturais, nesse sentido de desindexação do orçamento, o mercado vai melhorar muito”, avaliou o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt.
Haddad não anunciou as medidas apresentadas a Lula e avisou que o governo terá reunião com líderes partidários no domingo, para discutir as alternativas ao IOF. Ele explicou que os itens validados nesta terça pelo presidente dizem respeito a 2025.
“O governo já chegou ao limite da tributação, mas não vejo disposição para medidas estruturais de cortes de gastos”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, citando o represamento de operações no mercado de câmbio ao longo do dia, com investidores à espera das medidas, uma vez que parte do aumento do IOF se refere a transações cambiais.
Dólar sobe lá fora
O dólar operou em alta frente a outras divisas de economias desenvolvidas nesta terça, revertendo parte das perdas da véspera, enquanto investidores acompanham os desdobramentos da política tarifária do governo Trump.
O índice DXY — termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes — avançou 0,53%, a 99,227 pontos. Na agenda diplomática, o chanceler chinês, Wang Yi, reuniu-se em Pequim com o novo embaixador dos Estados Unidos na China, David Pound. O mercado segue atento à possibilidade de uma reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping ainda nesta semana.
Nos Estados Unidos, o relatório Jolts surpreendeu com alta para 7,391 milhões em abril. Segundo o CIBC, os dados reforçam a resiliência do mercado de trabalho americano, especialmente às vésperas da divulgação do payroll, que será anunciado na sexta-feira (6). Na Europa, a desaceleração acima do esperado da inflação ao consumidor na zona do euro pressionou o euro, que chegou às mínimas do dia frente ao dólar.
Com Estadão Conteúdo