Azul (AZUL4) entra em recuperação nos EUA; qual a reação do mercado?
A Azul (AZUL4) entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o procedimento conhecido como Chapter 11. A decisão acompanha a de um acordo de reestruturação com credores e parceiros estratégicos, incluindo AerCap, United Airlines e American Airlines. O plano prevê eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas, financiamento DIP de US$ 1,6 bilhão e captação de até US$ 950 milhões via equity.

O movimento da Azul acontece após anos de pressões acumuladas desde a pandemia de Covid-19. Embora a companhia tenha conseguido sobreviver ao impacto inicial da crise sanitária, a combinação de alta de juros, desvalorização cambial e dificuldades na cadeia de suprimentos impediu uma recuperação plena.
Nos útimos anos, a empresa conduziu uma série de renegociações com arrendadores e credores, incluindo uma oferta subsequente de ações em 2024. O Chapter 11 marca um novo esforço para reorganizar sua estrutura de capital de forma mais abrangente.
Com esse processo, a Azul segue o caminho trilhado por Latam e Gol (GOLL4), que também recorreram ao Chapter 11 nos últimos anos. A Latam saiu fortalecida da reestruturação, enquanto a Gol anunciou seu plano de saída em 2025. A Azul (AZUL4) espera alcançar um desfecho semelhante, com uma estrutura financeira mais leve e capacidade de investir em eficiência operacional, especialmente com foco em renovação da frota e redução de custos fixos.
Azul (AZUL4): Plano prevê corte de dívida e redução de frota
Segundo relatório do BTG Pactual, a Azul tinha alavancagem de 5,2x no 1T25 e dívida líquida de R$ 31,3 bilhões. A meta é sair do Chapter 11 até o fim do ano com alavancagem de 3x, reduzindo-a para 1,7x em 2027.
O pacote inclui US$ 670 milhões em nova dívida, US$ 650 milhões em subscrição de ações e até US$ 300 milhões em equity. A AerCap, maior arrendadora da Azul, deve conceder alívio em leasing, e a empresa prevê queda nas despesas com juros para US$ 100 milhões ao ano.
Como parte do plano, a Azul reduziu as metas de crescimento e vai operar com menos aviões: 170 em 2025 e 172 em 2027. A revisão afetou estimativas de receita, EBITDA e ASK, mas elevou projeções de rentabilidade por assento.
Impacto na Embraer (EMBR3) é considerado limitado
O anúncio gerou dúvidas sobre os efeitos na Embraer (EMBR3), principal fornecedora da frota E2. Segundo o BTG, a exposição da fabricante é pequena, com apenas 15% da carteira de pedidos ligada à Azul — e boa parte via AerCap. “Entendemos que os efeitos da reestruturação da Azul serão limitados para a Embraer”, afirmou o banco.
Mesmo com possíveis ajustes nas entregas, o E195-E2 deve ser preservado por sua eficiência operacional e condições de financiamento favoráveis. A Azul (AZUL4) é a última das três grandes aéreas brasileiras a recorrer ao Chapter 11 e agora busca reestruturar sua dívida para retomar o crescimento.